domingo, 5 de junho de 2011

Celulares podem causar câncer, segundo a OMS. Veja como se proteger

Os riscos são pequenos, mas você não precisa jogar seu celular fora para evitar o problema. Bastam pequenas mudanças nos seus hábitos.
SAN FRANCISCO (06/01/2011) - A radiação emitida por telefones celulares pode ser um fator causador de câncer, diz a Organização Mundial de Saúde (OMS), que até esta terça-feira dizia que os aparelhos não apresentavam riscos à saúde. A mudança de opinião aconteceu porque a Agência Internacional de Pesquisa do Câncer, vinculada à OMS, diz ter encontrado um vínculo entre a radiação emitida pelos telefones celulares e um risco maior de um tipo de tumor cerebral chamado glioma.
O anúncio não é resultado de novas pesquisas, mas sim de uma nova interpretação de estudos já existentes feita por um painel de 31 cientistas de 14 países, trabalhando em conjunto durante uma semana. Eles adicionaram campos eletromagnéticos de radiofrequência a uma longa lista de agentes “potencialmente cancerígenos”, junto com substâncias como o óleo de coco, DDT, vapores resultantes da queima de gasolina, chumbo, talco, dióxido de titânio e até café (!), além de algumas variantes dos vírus HIV e HPV.
Em contraste a radiação ionizante, solar e ultravioleta é classificada como “cancerígena”. “Potencialmente cancerígena” é o nível seguinte na escala (do maior risco para o menor). A radiação emitida pelos celulares cai na terceira (2B) de cinco categorias de risco. Para deixar claro: a classificação não significa que os celulares causam câncer, mas que existem indícios de uma conexão entre ambos, e que mais estudos são necessários. Ou seja, é o equivalente científico de um "por via das dúvidas, vamos olhar isso com mais atenção".
A CTIA, um grupo de representa a indústria da telefonia móvel, rapidamente respondeu dizendo que a classificação “não significa que os celular causam câncer”, o que tecnicamente é verdade. A FCC e FDA, agências do governo norte-americano equivalentes às nossas Anatel (telecomunicações) e Anvisa (vigilânica sanitária) também mantém a posição de que não há evidências ligando a ocorrência de câncer ao uso de telefones celulares.
Entretanto, a maioria dos cientistas concorda que não há um veredito definitivo sobre se os celulares ameaçam nossa saúde. Como a radiação emitida pelos celulares é não-ionizante - ao contrário da emitida por uma explosão nuclear ou uma máquina de Raios X - a opinião geral é de que a única forma dela danificar tecido humano é se um celular superaquecer.
Mas ao mesmo tempo, poucos especialistas podem afirmar com certeza que usar um rádio de microondas bidirecional próximo ao seu corpo é absolutamente seguro. Afinal, campos eletromagnéticos desempenham grande papel no funcionamento de nosso organismo, então quem garante que a radiação eletromagnética não nos afeta?
O painel da OMS analisou pesquisas que incluem os resultados de um estudo com uma década de duração realizado pela Interphone, que no geral não conseguiu estabelecer uma conexão entre os tumores cerebrais e o uso de telefones celulares. Entretanto, o painel de cientistas notou que um outro estudo correlacionou 30 minutos ou mais de conversa diária ao celular a um risco 40 por cento maior no surgimento de gliomas ao longo de 10 anos. E um terceiro estudo, publicado em fevereiro pelo Journal of the American Medical Association, mostrou que a radiação emitida pelos telefones celulares modifica a química cerebral, causando um aumento nos níveis de glucose.
Alguns grupos acusam a indústria de telefonia móvel de transformar os 5 bilhões de usuários de celulares em todo o mundo em cobaias. Entre eles está Devra Davis, uma epidemiologista que fundou o Enviromental Health Trust e escreveu o livro “Disconnect: The Truth About Cell Phone Radiation” (Desconexão: A verdade sobre a radiação dos telefones celulares, em tradução livre). Ela sugere que muitos pacientes que sofrem de tumores cerebrais raros também fazem uso intenso de telefones celulares, como o Senador Ted Kennedy, que morreu em 2009.
Em resumo, dada a evidência atual a única forma certa de transformar um celular em uma “máquina de matar” é prestar mais atenção à ele do que à rua enquanto você dirige. Mesmo assim, se você prefere ter um pouco de cautela, pode usar as dicas abaixo para reduzir sua exposição à radiação sem prejudicar sua produtividade.
1. Use um Headset
Você terá exposição muito menor à radiação se usar um headset em vez de encostar o celular na sua orelha. Pode ser um headset Bluetooth, ou os fones de ouvido com microfone no cabo que acompanham boa parte dos aparelhos hoje em dia. Outra opção (de preferência em um local privado) é usar o viva-voz.
Se nada disso for possível, consulte o manual do aparelho e veja o que o fabricante recomenda. A Apple, por exemplo, aconselha os usuários a segurar seus iPhones a uma distância de cerca de 1,5 cm da cabeça.
2. Mantenha o celular fora do bolso
Homens que pretendem ser pais devem evitar manter seus smartphones no bolso da calça ou presos ao cinto, já que há estudos que relacionam o uso de celulares a uma redução na quantidade e qualidade dos espermatozóides.
Por razões óbvias, não há estudos que exploram como a radiação emitida pelos celulares pode afetar fetos em desenvolvimento. Mas se você está grávida, já está evitando comer queijo minas, conservas e frutos do mar, então porque arriscar colocando um celular perto da barriga?
3. Mande SMS em vez de falar
Há menos radiação envolvida no envio de uma mensagem de texto do que em uma chamada. Só não envie mensagens enquanto anda, e muito menos enquanto dirige. Bater o carro (ou a cabeça em um poste) irá machucá-lo muito mais rápido do que qualquer forma de radiação que possa ser emitida por seu celular.
4. Desligue o celular
Mesmo se você gosta de checar seu e-mail à meia-noite, não há necessidade de manter o celular ligar o tempo todo. Os cientistas podem não ter certeza quanto à radiação emitida pelo celular, mas stress e falta de sono com certeza irão prejudicar sua saúde. E em vez de manter o celular perto do travesseiro para usá-lo como um despertador, prefira usar um despertador tradicional ou rádio-relógio.
5. Fique de olho no sinal
Em áreas com pouco sinal o celular faz um “esforço extra” para se comunicar com a torre (aumentando a potência das transmissões), o que pode aumentar sua exposição à radiação. Evite usar o celular nestes locais.
6. Procure aparelhos com baixos níveis de SAR
Em teoria os níveis SAR (Specific Absorption Rate, ou “Taxa de Absorção Específica”) dizem o quanto da energia emitida por um aparelho é absorvida por seu corpo. Ainda assim, comparar estes níveis não é como contar as calorias da sobremesa. O nível não é sempre o mesmo enquanto você conversa, manda mensagens de texto ou usa um aplicativo em um smartphone, e cada atividade envolve um nível de sinal diferente. A CNET publica uma lista frequentemente atualizada com os aparelhos com os maiores e menores níveis de radiação.
7. Mantenha os celulares longe do alcance das crianças
Se a radiação não-ionizante pode afetar os cérebros dos adultos de formas que ainda não entendemos, então pode provavelmente afetar ainda mais os cérebros das crianças, que ainda estão em desenvolvimento. Se você quer deixar seu filho ou filha brincar com um joguinho no celular, pelo menos coloque o aparelho no modo avião, o que desliga todas as interfaces sem fio e encerra as transmissões de radiofrequência.
8. Não acredite em “bloqueadores de radiação”
Na web, revistas e TV é possível encontrar inúmeros anúncios de produtos que “protegem” o corpo contra radiação eletromagnética (EMF). Mas não há prova alguma de que um simples adesivo ou medalhão possa funcionar como anunciado, se é que funciona. De fato, alguns desses produtos podem forçar o celular a emitir mais radiação, na tentativa de compensar algum bloqueio de sinal.

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